sábado, 8 de setembro de 2007

PEQUENA MISS SUNSHINE (LITTLE MISS SUNSHINE):
Nos últimos tempos, o prêmio da Academia de Cinema dos Estados Unidos (o famoso Oscar) vem sendo surpreendido por filmes que não tem lá tanto potencial comercial, nem uma campanha enorme e brilhante de marketing por trás e muito menos um orçamento milionário. Mas que mesmo assim chamam atenção do público e da crítica, derrubando algumas produções “oscarizáveis” e rentáveis. São os chamados azarões.

Pequena Miss Sunshine é um desses filmes. Totalmente despretensioso e independente, cativa qualquer um que assiste. Muitos produtores de Hollywood, acostumados com a fama e os prêmios, devem ficar atordoados quando uma produção tão simples toma de assalto o grande prêmio da indústria nos Estados Unidos.

O que eles não sabem é que a fórmula é simples. Tão simples quanto a história de Pequena Miss Sunshine. É a mistura de um bom roteiro, uma direção que não interfere demais e bons atores. Neste último caso, a química entre o elenco precisa ser forte. Os atores devem estar dispostos a dar o melhor de si. É o que acontece neste caso.

Pequena Miss Sunshine mostra a história de Olive Hoover (Abigail Breslin, uma gracinha!) e sua família. Sua mãe, Sheryl (Tony Collete), é o centro de tudo. Ela trabalha fora e cuida de cada um dos membros da família com muita atenção. O pai, Richard (Greg Kinnear), tenta vencer na vida vendendo um programa de auto-ajuda para que as pessoas aprendam os “9 passos para ser um vencedor”. O problema é que ele consegue vender a idéia para ninguém. O avô, Edwin (Alan Arkin), é viciado em heroína, foi expulso do asilo e se dá muito bem com a neta. Dwayne (Paul Dano) é o irmão mais velho. O adolescente fez voto de silêncio, quer entrar para a Aeronáutica e parece estar se lixando para o resto da família. E ainda há o tio Frank (Steve Carrel em um papel sério!). Estudioso de Proust, ele foi demitido de sua universidade depois de surtar, quando perdeu o namorado para um outro professor que concorre diretamente com ele. Depois disso, Frank tenta se matar, mas não consegue.

Olive sonha com concursos de beleza. Ela é convidada para participar do Pequena Miss Sunshine e, obviamente, agarra com todas as forças a possibilidade. A família decide, então, apoiar a menina. Todos vão para a Califórnia, mesmo à contragosto, para realizar o sonho de Olive. Eles usam uma velha Kombi amarela para chegar a Redondo Beach a tempo do concurso.

Pequena Miss Sunshine não trata de concursos infantis de beleza. Na verdade, ele é mais amplo. Trata da relação entre essas pessoas, de naturezas e desejos diferentes. Pessoas que não se entendem, que põem seu amor à prova. Pessoas que, no fundo, não queriam estar ali juntas, pois não gostam das atitudes umas das outras. Ou seja, uma família como outra qualquer.

Esta família comum é tão desestruturada e está tão em frangalhos quanto a própria Kombi que utiliza para chegar ao concurso. A comparação é perfeita. A Kombi quebra, emperra as marchas e precisa ser empurrada por todos os membros da família para que ande. A família Hoover também é assim. Está “quebrada” e precisa de um empurrãozinho de todos para seguir em frente.

Ao meu ver, existem três pontos cruciais para esta família: o sonho de Olive, a Kombi amarela e a jornada até Redondo Beach. Estes três pontos requerem um movimento da família em prol da união. Coisa que não existe. Durante a jornada, eles começam a se conhecer, a conviver e a perceber quem são e os seus papéis. Começam a ser uma família de verdade. E é disto que o filme trata.

Ah! Prestem atenção na parte sobre o concurso em si. É bizarro e assustador!

Pequena Miss Sunshine é emocionante, fofo e nos faz pensar. É uma ótima pedida.Nota: 9.
Melhor citação do filme: "Mãe, a miss Califórnia toma sorvete!"
PEQUENA MISS SUNSHINE (Little miss Sunshine) - 2005 - Gênero: Comédia - Direção: Jonathan Dayton e Valerie Faris // Abigail Breslin, Greg Kinnear, Paul Dano, Alan Arkin, Toni Collette, Steve Carell // Imagem: Adoro Cinema.

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