sábado, 20 de setembro de 2008


AMISTAD (AMISTAD):
Adoro ver filmes que falam sobre a luta dos negros (sim, vou usar essa palavra e não aquelas idiotices politicamente corretas) pelo fim da escravidão e pela sua liberdade. Sempre são filmes inspiradores, que me deixam emocionada e me fazem refletir. Este não é diferente.

O longa é baseado em uma história real. Se passa em 1839, quando um grupo de futuros escravos consegue soltar suas correntes e tomar o navio Amistad, próximo ao litoral de Cuba. O massacre é grande, mas eles salvam o comandante do Navio e seu ajudante para que os guie de volta a África. Acontece que os "homens brancos" os enganam, rodam com o navio pelo mar e chegam até Conecticut, nos EUA. Lá, eles são aprisionados e começam a ser julgados pelos crimes dentro do navio.

O que no começo era um caso de homicídio se torna algo grande. Os abolicionistas entram na história para pedir a liberdade e a devolução do grupo para a África. Acontece que mais gente entra nesta história. O governo americano que, em pleno momento crucial para a Guerra de Secessão, tenta de tudo para manter o caso como assassinato. Além disso, a rainha da Espanha, Isabella II (Anna Paquim, entra na história querendo reaver o grupo de escravos que nunca lhe pertenceu.

Amistad é um filme emocionante! Ele tem duas coisas que sempre me chamam atenção em produções: a luta por um ideal e julgamentos (adoro filmes com julgamentos!). Os atores estão irretocáveis e a produção de época também. Não lembro de ter visto um defeito sequer.

Destaco também o trabalho de Spielberg. Tudo bem, ele é um dos meus diretores favoritos... Mas nem tudo que ele fez eu gosto (não mencionem A.I., por favor!). Acontece que Amistad é um filme sensível e desafiador. Até porque ainda hoje nós presenciamos episódios de preconceito. As cenas que mostram o sofrimento dentro do navio me chocaram profundamente. Elas fazem perguntar quem são os verdadeiros assassinos.

A escravidão foi (e ainda é) um dos episódios mais vergonhosos da história da humanidade. E a gente continua caprichando nisso... Nota: 9.

Melhor citação do filme: "Que tipo de lugar é esse onde o que você diz não significa o que você quer dizer? Onde as leis quase funcionam? Como vocês podem viver assim? (Joseph Cinque - Djimon Hounsou, em Mende).

AMISTAD (Idem) - 1997 - Gênero: Drama - Direção: Steven Spielberg // Morgan Freeman, Anthony Hopkins, Djimon Hounsou, Matthew McConaughey, Anna Paquim // Imagem: Google Images.

TRAINSPOTTING - SEM LIMITES (TRAINSPOTTING):
A primeira vez que vi este filme foi no cinema. Fui sem esperar algo, sem conhecer atores, diretor etc. Em resumo, fui assistir por diversão. Gostei tanto que acabei comprando o DVD e a trilha sonora!

Trainspotting - Sem limites mostra a história de um grupo de amigos desajustados na Escócia, em meados dos anos 90. Alguns deles são viciados em drogas, outros em violência, outros em exercícios físicos. Ou seja, cada um tem seus excessos. Junto a isso, coloque toda a falta de perspectiva na vida dos jovens de hoje em dia, onde ideologia e luta por ideais são praticamente inexistentes.

O "líder" deste grupo é Mark Renton (Ewan McGregor). Ele é o mais equilibrado entre eles, dentro do possível. Renton é muito inquieto e sente o peso da vida vazia. Para se livrar disto, usa heroína. Vira e mexe tenta se livrar do vício, mas acaba sempre retornando. Tanto por conta própria, quanto pela influência dos amigos.

O mundo das drogas é mostrado em Trainspotting, mas não de forma nua e crua. Na verdade, existe um certo glamour nisso tudo. É um filme muito legal, que não foca apenas nas drogas. A trilha sonora é sensacional! Além disso, destaco também as cenas das "viagens alucinógenas" do personagem Renton. Muito bom! Nota: 8.

Melhor citação do filme: "Escolha a vida. Escolha um emprego. Escolha uma carreira. Escolha uma família. Escolha uma televisão enorme, escolha máquinas de lavar, carros, compact disc players e abridores de latas elétricos. Escolha boa saúde, colesterol baixo e plano dentário. Escolha reembolsos de hipoteca fixa de juros. Escolha a primeira residência. Escolha seus amigos. Escolha roupas esporte e malas combinando. Escolha um terno na compra de veículos em uma variedade de tecidos. Escolha DIY e imagine saber quem diabos você é na manhã de domingo. Escolha, sentar no sofá, assistir a paralisantes mentais e esmagadores de espíritos game shows, entupindo com a porra de junk food a sua boca. Escolha apodrecer no final de tudo isso, mijando no seu passado em uma casa miserável, nada mais do que uma vergonha para os fedelhos fodidos e egoístas que gerou para te substituir. Escolha o seu futuro. Escolha a vida ... Mas por que eu quero fazer uma coisa dessas? Eu escolhi não escolher a vida. Eu escolhi algo mais. E as razões? Não há razões. Quem precisa de razões quando se tem heroína?" (Mark "Rent boy" Renton - Ewan McGregor)

TRAINSPOTTING - SEM LIMITES (Trainspotting) - 1996 - Gênero: Drama - Direção: Danny Boyle // Ewan McGregor, Ewen Bremner, Kevin McKidd, Robert Carlyle, Kelly MacDonald, Johnny Lee Miller // Imagem: Google Images.

domingo, 14 de setembro de 2008

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA (BLINDNESS):
Em uma cidade grande como outra qualquer no planeta, um homem (Yusuke Iseya) dirige seu carro em direção à sua casa. Ele para no sinal de trânsito e de repente, quando o sinal abre... ele está cego. Este é o ponto de partida para o filme Ensaio sobre a cegueira, homônimo do livro de José Saramago em que foi baseado.

O homem procura ajuda médica e o oftalmologista (Mark Ruffalo) não encontra uma explicação para a tal "cegueira branca" que ele sente. Manda-o procurar outro médico, mal sabendo que logo depois, ele e os pacientes que estão em sua sala de espera vão passar pelo mesmo problema. Em pouco tempo, a tal cegueira branca toma conta de toda a cidade. Todos são infectados, menos a mulher do médico (Juliane Moore).

Com medo da epidemia se espalhar ainda mais, o governo resolve confinar os infectados em uma espécie de hospital de quarentena. Mas com o tempo, os cegos descobrem que não estão lá para tratamento, e sim para que o problema seja varrido para baixo do tapete. O caos se instaura conforme a quantidade de pessoas vai aumentando e com a falta de assistência do governo.

Ensaio sobre a cegueira é um dos poucos filmes em que li o livro antes de vê-lo. Li um ano antes. O livro é maravilhoso! Fantástico!!! Fiquei admirada com a forma como foi escrito. Saramago não deu nome aos seus personagens, mas sabemos exatamente de quem ele está falando o tempo inteiro. Ele também não usa a pontuação tradicional, mas isto também é indiferente.

Estava, ao mesmo tempo, ansiosa e apreensiva para ver este filme. Confio no diretor Fernando Meirelles, mas Ensaio não é um livro fácil de ser filmado. Mas, como bom diretor que é, ele se cercou de bons profissionais e fez um filme à altura do livro. Eu adorei! Não me decepcionou nem um pouco e está muito parecido com o livro.

Ensaio é um filme sensacional. Igual ao livro. Mostra a degradação humana, o desespero, a natureza dos homens e tudo de ruim que, em geral, não queremos ver. Também mostra bondade e solidariedade. Coisas que fazem parte do nosso ser. Vale a pena assistir e ler também! Nota: 9.

Melhor citação do filme: "A única coisa mais assustadora que a cegueira é ser a única que pode ver." (A mulher do médico - Juliane Moore)

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA (Blindness) - 2008 - Gênero: Drama - Direção: Fernando Meirelles // Juliane Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Danny Glover, Gael García Bernal, Yusuke Iseya // Imagem: Google Images.
A CULPA É DO FIDEL (LA FAUTE À FIDEL):
Ana de La Mesa (Nina Kervel-Bey) é uma menina de 9 anos que está acostumada com as coisas boas da vida. Estuda em um excelente colégio de freira, mora numa casa grande com jardim, enfim, tem tudo do bom e do melhor. Mas sua vida muda quando seu tio Quino é assassinado. Estamos nos anos 70.

Seu pai, Fernando de La Mesa (Stefano Accorsi) passa por um drama de consciência com o evento. Ele, um espanhol que se refugiou na França, fugiu de seu país quando as coisas não estavam bem politicamente. Agora, com a morte do cunhado, resolve fazer alguma coisa. E é aí que a vida de Ana e de sua família muda radicalmente.

Os pais da menina começam a se engajar em programas sociais e chegam a viajar para a América Latina. Os dois também se envolvem com um grupo pró-Allende no Chile e na luta pela liberação do aborto. Mudam de casa e de estilo de vida de repente. E Ana, mesmo sem querer embarcar nessa, não tem outra saída.

A culpa é do Fidel tem na menina Nina Kervel-Bey seu maior trunfo. Sua cara emburrada o tempo todo demonstra o que se passa na cabeça da menina, que não quer saber de mudanças e sequer foi perguntada se queria passar por isso. De repente, ela se vê sem sequer poder assistir as aulas de catecismo. É um filme fofo, de certa maneira, mas que, ao mesmo tempo, me fez pensar. Não na questão social em si, mas no quanto os pais podem estar despreparados para cuidar dos filhos. Do quanto as decisões deles podem influenciar a vida das crianças, para o bem ou para o mal. Nota: 7.

Melhor citação do filme: "Você é um dos barbudos?" (Ana de La Mesa - Nina Kervel-Bey)

A CULPA É DO FIDEL (La faute à Fidel) - 2006 - Gênero: Drama - Direção: Julie Gravas // Nina Kervel-Bey, Julie Depardieu, Stefano Accorsi, Benjamin Feuillet // Imagem: Google Images.