segunda-feira, 13 de setembro de 2004

A VIDA É BELA (LA VITA È BELLA):
Esse filme é meio controverso aqui no Brasil. Algumas pessoas não gostam, apenas porque ele levou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1999. Com isso, o nosso Central do Brasil perdeu sua estatueta. Alguns se irritam com "o circo" que foi montado para a entrega do prêmio ao Roberto Benigni, o comportamento dele na cerimônia, sua comemoração etc. Cada um deve ter suas razões para detestá-lo. Mas eu acho isso tudo uma grande bobagem.
Com estas críticas à parte, eu prefiro me concentrar no filme em si. Afinal, nada do que citei acima tem a ver com o próprio. Fui ver no cinema, na época de sua exibição. E confesso que saí da sala maravilhada e chorando sem parar. Na época, eu era uma contumaz consumidora de filmes norte-americanos. Não dava muita atenção aos de outros países, fora o Brasil. Mas para mim, A Vida é bela é exatamente como o nome diz: belo. Na verdade, belíssimo.
Eu não esperava muito do filme. Afinal de contas, a única coisa que eu sabia da carreira do diretor, roteirista e ator principal do filme, Roberto Benigni, era que ele fazia comédias. Vi uma delas antes. Se chamava O Monstro e é muito engraçada. Na verdade, eu só fui ver A Vida é bela porque tinha simpatizado com o Roberto Benigni neste filme. Claro, um não tem nada a ver com o outro, mas gosto de ambos.
A Vida é bela é uma fábula linda, de um otimismo que assusta. É de se espantar o que o personagem de Benigni faz para que seu filho viva um mundo de imaginação dentro de um dos maiores infernos criados pela insensatez da humanidade. Achei o começo do filme meio monótono, é verdade. Chatinho até. A partir do momento em que Guido (Roberto Benigni) e Dora (Nicoletta Braschi) estão casados, o filme começa de verdade para mim.
A época é o final dos anos 30. Guido é homem simples, que sobrevive como garçom. Se apaixona por Dora, que esbarra nele o tempo inteiro, em situações muito inusitadas. Ela deixa seu noivo por Guido. Anos depois, os dois já casados, tem um filho de uns oito anos chamado Josué (Giorgio Cantarini). O menino tem paixão por tanques de guerra. A família leva uma vida calma e normal até que começa mais uma Grande Guerra. Os judeus da cidade são levados a campos de concentração nazista. Isto inclui Guido e Josué. Dora, que não é judia, desesperada com o futuro do marido e de seu filho, acaba indo voluntariamente para o campo de concentração.
Para amenizar o terror do lugar, Guido diz a Josué que eles estão ali presos por causa de uma competição. Quem ganhar levará um tanque de verdade como prêmio. É aí que o filme fica mais lindo. Tudo o que Guido arma para amenizar a vida do filho, enquanto sofre as agruras do campo, transforma não só a vida do menino, mas a dos espectadores também.
A Vida é bela não é só conto de fadas e piadinhas engraçadas. Sim, elas aparecem. Afinal Benigni é comediante. Mas existe também críticas sutis ao terror imposto pelos alemães aos judeus. Sutis sim, mas perceptíveis a quem prestar atenção. Você fica preso a história e sofre com o que o pai faz por amor ao seu filho. E o final era tudo que eu não podia esperar, o que já merece todo o meu aplauso. Mas o grande mérito do filme é mostrar que até mesmo nas horas mais difíceis, as pessoas precisam se manter otimistas. Não sei se todo mundo consegue. Para mim é muito difícil. Mas mesmo assim, dá uma esperança para nós, que andamos tão desesperançados com tudo. Nota: 9.
Melhor citação do filme: "Você pode perder todos os seus pontos em algumas dessas três razões. Um: Se você chorar. Dois: Se você quiser ver a sua mãe. Três: Se você estiver com fome e pedir um lanche. Esqueça!" (Guido Orefice - Roberto Benigni) .
A VIDA É BELA (La vita è bella) - 1997 - Gênero: Drama - Direção: Roberto Benigni // Roberto Benigni, Nicoletta Braschi, Giorgio Cantarini.

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