quinta-feira, 26 de abril de 2007

BATISMO DE SANGUE (IDEM):
Depois da nova retomada do cinema nacional, já vi muitos dos nossos filmes. Alguns muito bons, outros regulares e muitos bem ruinzinhos. O que é natural em qualquer indústria cinematográfica mundial (se é que a gente pode chamar a produção brasileira de indústria... Acho que ainda tá longe disso...). Escrevi isto na introdução para falar de Batismo de sangue apenas para dizer que gostei muito deste. Está na lista de um dos melhores brasileiros que já assisti. Saí do cinema angustiada, triste e agradecida de ter nascido depois da época da tortura e da ditadura política. Tudo bem que no Brasil, tortura ainda hoje é comum (alguém discorda?). Mas aquele período de nossa história é muito duro. Uma mancha que vamos conviver para sempre.
Bom, mas vamos ao filme. Batismo de Sangue se passa nos anos 60. Um grupo de frades se une a oposição na luta pelo fim da ditadura no Brasil. Muitas pessoas eram contra esta mistura de política com religião, mas eles quiseram buscar um país mais justo e melhor. O grupo entra com força total na luta pela liberdade no Brasil. Seu engajamento leva-os a participar de ações da oposição e entrar em contato com os grandes líderes do movimento.
Acontece que a Polícia (ou seja, o DOPS) já estavam de olho no trabalho dos frades para os "comunistas". Eles sabiam do envolvimento dos religiosos com Carlos Marighella (Marku Ribas). O DOPS prende os frades e os tortura para que eles traiam o seu líder. Depois de muito apanhar e sofrer na mão do delegado Fleyry (Cássio Gabus Mendes), Fernando e Ivo (Léo Quintão e Odilon Esteves) não resistem. Eles acabam participando da emboscada onde Marighella é assassinado. Além deles, os frades Betto (Daniel de Oliveira) e Tito (Caio Blat) vão para uma prisão e ficam lá por muito tempo. Claro que a tortura continua.
Em 1973, eles finalmente são libertados. Mas é óbvio que seguir a vida depois de tanto sofrimento e tortura não vai ser a mesma coisa. Tito é o que mais sofre. Sua depressão e as lembranças o perseguem até a França, onde vai viver exilado em um convento.
As cenas de tortura do filme me deixaram muito chocada. Ouvi muitas pessoas dizendo que elas eram desnecessárias e que a violência mostrada ali era só pra "vender" o filme. Pode até ser. Mas eu penso de outra forma. Acredito que a violência mostrada traz grande parte da força para o filme. Porque assim, o espectador pode ter a noção do quanto era sofrido passar por tortura. Mesmo assim, somente quem passou vai ter a dimensão do sofrimento. Mas "aliviar" a tortura em cenas de filme não vai fazer ninguém pensar.
Muito bom! Saí desnorteada da sala do cinema! Nota: 10.
BATISMO DE SANGUE (Idem) - 2006 - Gênero: Drama - Direção: Helvecio Ratton // Caio Blat, Daniel de Oliveira, Léo Quintão, Odilon Esteves, Ângelo Antônio, Cássio Gabus Mendes, Marku Ribas, Marcelia Cartaxo, Murilo Grossi // Fonte da imagem: Adoro Cinema.

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