domingo, 17 de agosto de 2003

CARANDIRU (CARANDIRU):

2 de outubro de 1992. Rebelião de presos do Pavilhão 9 da Casa de Detenção Carandiru. A polícia invade o local e deixa um saldo de 111 detentos mortos. O episódio conhecido como "Massacre no Carandiru" foi uma das mais recentes vergonhas nacionais. O Dr. Dráuzio Varella, que trabalhava voluntariamente no presídio, escreveu o livro "Estação Carandiru", sobre suas atividades com os presos e a visão destes sobre o episódio. O filme de Hector Babenco é baseado no livro do Dr. Dráuzio.
Carandiru começa mostrando o dia-a-dia do Dr. Dráuzio (interpretado por Luiz Carlos Vasconcelos) entre seus pacientes detentos. Achei bem interessante a forma como foi feito. Neste momento nos é contada as histórias de vários detentos. Assim o espectador vai criando um certo laço de afetividade com os personagens, mesmo que estes tenham cometido barbaridades para serem presos. Daí, o filme culmina com o massacre e as pessoas acabam se comovendo com os detentos "mais íntimos" da história. É um truque legal no roteiro para que a platéia entre no drama daquelas pessoas. Embora algumas histórias de vida dos detentos sejam muito boas, não podemos esquecer que o foco de Carandiru é o massacre. Segundo o relato do filme, toda a confusão ocorre durante uma partida de futebol. Do lado de fora do jogo dois presos brigam por espaço no varal de roupas. A violência se espalha dentro do pavilhão por causa desta briga. O resto da história todo mundo sabe.
O fato de ter começado tentando a empatia dos personagens com o público e de armar o clímax com a invasão da polícia ao Pavilhão 9 acabou causando ao filme, em minha opinião, um certo descompasso no ritmo. É como se o filme viesse lento, lento e de repente começasse a correr pq está acabando o tempo. Sinto Carandiru como se fosse dois filmes em um só. A parte 1 nos mostra o que levou os personagens à prisão. A parte 2, o massacre em si. Achei um filme muito bom, mas este ritmo não me agradou tanto. Acho que ficou mesmo descompassando. Mesmo assim eu recomendo. Aliás, acho o cartaz de Carandiru um dos melhores do cinema nacional.
E eu fico muito feliz a cada vez que um filme brasileiro estréia, porque comprova que o Cinema Brasileiro tenta resistir apesar de tudo. Nota: 8.
Melhor frase do filme: "Viva o Choque! Viva o Choque!" (Presos após o confronto com a polícia, sendo obrigados a repetir esta frase pelo Batalhão de Choque.
CARANDIRU (Carandiru) - 2003 - Gênero: Drama - Direção: Hector Babenco // Luiz Carlos Vasconcelos, Milton Gonçalves, Aílton Graça, Maria Luísa Mendonça, Aída Lerner, Rodrigo Santoro, Gero Camilo, Floriano Peixoto, Vanessa Gerbelli, Ricardo Blat, Wagner Moura, Caio Blat, Lázaro Ramos, Gabriel Braga Nunes, Antônio Grassi, Rita Cadillac, Enrique Diaz, Sabotage.

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